Conforme promessa de tempos atrás, e depois que comecei a receber “cobranças” a respeito de como conectar rádio de comunicação a telefone celular vou descrever de forma básica como é feito isso, deixo apenas como ideia já que acho pouco provável que alguém se arrisque a fazer.
Na verdade, isso é coisa ultrapassada, mas pode servir para alguém, na década de 80 esse recurso era muito útil, e até hoje é.
Nas comunicações normais, de rádio para rádio, é usado o sistema tradicional, um fala e depois escuta, mas quando algum membro da família de algum embarcado liga de um telefone convencional ou de um celular para a guarda costeira e deseja falar com alguém em alto mar, é esse tipo de conexão que é feito, aliás, é um tipo de conexão que poderia ter sido bem melhorado nos últimos anos, mas com a evolução dos telefones celulares e da telefonia por satélite, esse tipo de comunicação não teve investimentos.
O que acontece de fato é que o operador de rádio solicita ao operador de rádio em alto mar para que troque de canal para que deixe a freqüência do canal 16 livre, e no canal indicado, a conversa entre o familiar “em terra” e o embarcado “lá fora” ocorra normalmente, obviamente que sem nenhum sigilo, uma vez que é em radiofrequência que pode ser sintonizada, para dizer a verdade, se escuta coisas de deixar o cabelo em pé.
Nesse tipo de conexão, o operador da estação base só solicita a troca de canais e aperta um botão que por sua vez aciona um circuito eletrônico relativamente simples, e este aciona vários relês que fazem as conexões necessárias.
Mas, aqui a sugestão é contrária, embora exista uma ligação de entrada, não haverá ninguém na estação para acionar o rádio transmissor, então tudo deverá ser de forma automática, não vou fazer esquemas, vou apenas descrever, assim cada qual poderá testar segundo suas necessidades.
Esse tipo de “trapizunga” aqui é chamado de “gambá”, pelo fato de geralmente ficar escondido em algum o menos suspeito que for possível.
Deve ser previsto o consumo de bateria, por isso é preciso deixar um carregador de baterias ligado o tempo inteiro, obviamente que se não tiver energia elétrica, as baterias devem ser trocadas ou recarregadas.
Trapizunga é o mesmo que equipamento, ou equipamentos, é uma das gírias de operadores de rádio da faixa do cidadão, ou rádio PX.
Gambá é o mesmo que repetidora escondida, é gíria utilizada por operadores de rádio da faixa de VHF, chama-se de gambá por ser repetidora não autorizada, e sendo assim, se alguém vir um “gambá”, já era, ele não vira assado, vira outro equipamento na QAP daquele que encontrou o gambá.
Bem, é necessário que quando o telefone tocar, ele ligue o transmissor, então é preciso saber qual o tipo de rádio que será usado, qual a distância que é necessário que a transmissão alcance?
Depende, para até 10 Km sem muitos obstáculos 3 rádios desses cobra 148 GTL servem, em amplitude modulada ele tem próximo de 5 watts de saída e 40 canais normais, as antenas tem que ser para a faixa dos 11 metros e colocadas no local mais alto que for possível, ou seja, antenas enormes, mas muito fáceis de fazer, se estiver em fazendas não existem problemas com tamanho de antenas.
O detalhe é que preferencialmente devem ser três equipamentos iguais, no local onde ficar o telefone fica um rádio para repetir a transmissão com o áudio que vem do celular, sintonizado em um canal pré-estabelecido, como exemplo, canal 1.
Outro rádio, que pode ser só receptor, desde que sintonize o canal 60 da faixa do cidadão, é desse rádio que será retirado o áudio que será aproveitado para acoplar no celular.
Note que um dos rádios (o transmissor) recebe o áudio do celular e transmite via ondas eletromagnéticas até a estação de escuta, o outro rádio (receptor) recebe o áudio que é enviado também através de ondas eletromagnéticas da estação de escuta e injeta no celular, o celular é full-duplex, ou seja, recebe e transmite ao mesmo tempo, mas no caso dos rádios não, por isso é preciso escutar e depois falar, quem fala ao telefone poderia ser avisado, mas como a educação manda que primeiro um fale e depois o outro, tem dado certo até os dias de hoje.
O receptor do local onde fica o telefone deve ficar sintonizado no canal 60, note que no transmissor foi sugerido o canal 1, o motivo é simples, quando o rádio da base transmitir, será feito um chaveamento e a transmissão da base será no canal 60, com isso é evitado que existam interferências, e a sintonia onde está o celular será feita no canal 60.
Na “base”, o rádio servirá para escutar e também para transmitir, por isso deve ficar sintonizado no canal 1, pois é esse o canal do rádio transmissor que será acionado pelo telefone, e esse canal ficará ocupado até que o telefone tenha a ligação encerrada, mas isso não impede que seja interrompida a escuta com uma transmissão, por isso a utilização de dois rádios recebendo e transmitindo em canais diferentes.
Para não causar interferência, ao pressionar o PTT, o rádio da base irá transmitir para o canal 60, isso é feito aterrando durante a transmissão o pino 10 do PLL do rádio (se for 148 GTL), isso é fácil de fazer como um micro relê, ao apertar o PTT automaticamente a freqüência muda.
Se optar por usar apenas dois rádios, os interlocutores devem utilizar a velha palavra “câmbio” sempre que deixar a vez para o outro.
Com a tecnologia atual, é pouco provável que alguém se aventure numa empreitada dessas, mas fica a descrição do processo de uma repetidora de celular, bem “fajunta” é claro, mas é um recurso que já foi muito utilizado, e ainda é, com a mudança apenas da faixa de freqüência de operação, no caso, hoje em dia é utilizada a faixa de frequências de VHF ou UHF para a mesma função.
Para não causar interferência, ao pressionar o PTT, o rádio da base irá transmitir para o canal 60, isso é feito aterrando durante a transmissão o pino 10 do PLL do rádio (se for 148 GTL), isso é fácil de fazer como um micro relê, ao apertar o PTT automaticamente a freqüência muda.
Se optar por usar apenas dois rádios, os interlocutores devem utilizar a velha palavra “câmbio” sempre que deixar a vez para o outro.