4G: Celular Muda Frequência?

4G: Como a Mudança de Frequência Ocorre com Bloqueador?

A Mudança de Frequência 4G é um tema que gera muitas dúvidas na comunidade técnica. Será que o smartphone é realmente “inteligente” o suficiente para desviar de uma frequência bloqueada ou com ruído, buscando uma nova banda de operação?

Eu sempre afirmei que sim, mas sei que a teoria nem sempre convence. É por isso que, neste vídeo, eu, Pedro, do Ibytes Brasil, vou desmistificar o funcionamento do 4G (LTE) e da sua capacidade de Handover e Reselection com uma demonstração prática, técnica e totalmente controlada.

Nos meus anos mexendo com projetos eletrônicos, observei que a melhor forma de fixar um conceito de engenharia é vendo a teoria em ação.

O objetivo principal deste nosso experimento é comprovar, de forma didática, que o protocolo de comunicação do celular é projetado para garantir a conectividade, pulando para outra torre ou banda de frequência assim que o sinal na banda atual se torna inadequado, seja por baixa intensidade, ruído excessivo ou, como veremos, por um bloqueador de sinal celular propositalmente ativado.

Este conteúdo foi originalmente gerado para a nossa área exclusiva de membros, mas decidi compartilhá-lo aqui no web site para garantir que todos tenham acesso a esta prova prática importante.

Desvendando a Inteligência do 4G: O Conceito Teórico

Antes de partirmos para a bancada, é fundamental entender o que acontece.

Os smartphones modernos, operando em redes 4G (LTE), não são receptores passivos.

Eles monitoram constantemente a qualidade do sinal (medindo RSRP, RSRQ e SINR) em sua banda atual e nas bandas vizinhas.

Quando a qualidade do sinal cai abaixo de um limiar pré-definido, o celular inicia o que chamamos de Handover (durante uma chamada ativa) ou Cell Reselection (em modo idle, sem atividade de voz/dados).

O bloqueador, no nosso caso, injeta um ruído intenso e de banda larga, ocupando a frequência específica e tornando o sinal da operadora inutilizável.

O celular interpreta isso como uma perda de intensidade brusca e, inteligentemente, muda para outra frequência livre, buscando uma nova célula ou torre, para restabelecer a comunicação. É uma medida de segurança e eficiência inerente ao projeto da rede.

Para quem quiser ver a demonstração na íntegra, o vídeo será incorporado ao final deste artigo. O link para o material original é: https://youtu.be/uRUXq1bpSzg.

O Setup Experimental: Bloqueador e Monitoramento

Para a demonstração, utilizamos um setup simples, mas eficaz, que permite o bloqueio seletivo de bandas e o monitoramento em tempo real do celular:

Materiais Utilizados para o Teste:

Smartphone com dois chips ativos (TIM e Claro).

Aplicativo de monitoramento de frequência (exibindo a banda de operação e a intensidade do sinal).

Bloqueador de Frequência Multibanda (jammer) com módulos independentes.

Fonte de alimentação e conexões para ativar os módulos seletivamente.

Análise Inicial das Frequências Ativas

Antes de ligar qualquer módulo do bloqueador, verificamos as frequências que os chips estavam utilizando naquele momento, conforme o aplicativo de monitoramento:

Operadora TIM: Estava operando em uma frequência de 1845 MHz (Banda 3 LTE).

Operadora Claro: Estava operando na banda de 2137 MHz (Banda 1 LTE).

Nossa missão seria, passo a passo, “caçar” a TIM através dos seus saltos de frequência, ativando seletivamente os módulos do bloqueador para cada nova banda.

Passo a Passo da Demonstração: A Série de Bloqueios

1. Bloqueio da Frequência Inicial da TIM (1845 MHz)
Identificamos o módulo do bloqueador responsável pela frequência de 1845 MHz (neste setup, o quinto módulo).

Ação: Ativamos o módulo.

Reação do Celular: Em questão de segundos, o ponteiro que indicava a conexão da TIM passou a oscilar e, rapidamente, o celular efetuou a mudança de frequência 4G, saltando para uma nova banda: 2150 MHz (Banda 7 LTE).

Conclusão Parcial: A teoria se confirmou de imediato. A presença do ruído na banda de 1845 MHz forçou o celular a procurar a próxima melhor opção disponível, que era 2150 MHz.

2. O Segundo Bloqueio e a Corrida para 1830 MHz
Localizamos o módulo responsável por bloquear a nova frequência (2150 MHz).

Ação: Ligamos o segundo módulo do bloqueador.

Reação do Celular: O dispositivo novamente acusou o ruído e, em um novo processo de reseleção de célula, saltou para a banda de 1830 MHz .

Observação: O ponto crucial aqui é a demonstração.

Enquanto a montagem de um bloqueador final não requer essa ativação seletiva, a nossa intenção é justamente provar que, mesmo com a frequência ocupada, o aparelho busca alternativas.

3. O Bloqueio Final e a Busca Desesperada (778 MHz)
Identificamos e ativamos o módulo que bloqueia a banda de 1830 MHz.

Ação: O terceiro módulo foi ligado.

Reação do Celular: O ponteiro ficou amarelo e, em seguida, o celular realizou seu último salto para a frequência de 778 MHz (Banda 28 – 700 MHz APT).

Esta é a banda de frequência mais baixa, tipicamente usada para maior cobertura e penetração em ambientes internos.

O Limite do Handover:

Neste ponto, após bloquearmos 778 MHz, observamos que a TIM não conseguiu mais saltar para outras frequências.

Isso ocorre porque o celular está limitado às bandas disponíveis e às torres alcançáveis. Se todas as bandas de frequência disponíveis forem bloqueadas, o celular simplesmente trava a conexão, sem ter para onde correr.

Ao verificar com um segundo aplicativo, o status era claro: a conexão na banda 700 APT não tinha sinal e estava bloqueada (RSSI de -126 dBm).

O objetivo com a TIM estava concluído: provamos a capacidade de Mudança de Frequência 4G do aparelho até o ponto onde não havia mais alternativas.

O Teste com a Claro: Comprovação da Regra

Com a TIM completamente bloqueada e sem conexão, partimos para a Claro, que se mantinha estável em 2137 MHz.

Ação: Ativamos o módulo do bloqueador correspondente à banda de 2137 MHz.

Reação do Celular: Imediatamente, o sistema operacional do celular exibiu um aviso de “sem conexão”, e o aplicativo não conseguiu mais acessar as informações da rede, indicando o bloqueio total do sinal.

A ausência de sinal levou à mesma conclusão: se o celular não consegue encontrar uma frequência utilizável em outra torre ou banda (o que chamamos de search/scan), ele encerra a conexão para a operadora, ficando sem serviço.

Conclusão: Por Que o Celular Faz a Mudança de Frequência?

A grande lição desta demonstração é a confirmação empírica da inteligência embarcada no seu smartphone.

O celular faz a Mudança de Frequência 4G (Handover/Reselection) porque:

Protocolo de Rede: O LTE (4G) é um protocolo self-optimizing, que busca sempre o melhor Quality of Service (QoS).

Eficiência: Trocar de banda ou célula é mais eficiente do que tentar forçar uma conexão em um canal ruidoso ou fraco.

Experiência do Usuário: O sistema tenta evitar quedas de chamadas ou interrupções de dados, saltando para uma frequência com melhor sinal, mesmo que essa nova frequência seja de uma torre mais distante ou outra banda de menor capacidade (como a 700 MHz para cobertura).

O sucesso da demonstração mostra que o bloqueador não apenas “desliga” a rede, mas, sim, engana o smartphone, fazendo-o acreditar que o sinal desapareceu, forçando-o a buscar uma nova rota.

Espero que esta análise detalhada tenha esclarecido de forma prática o funcionamento do Handover.

É mais uma prova de que a engenharia por trás da comunicação móvel é robusta e fascinante!

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