O funcionamento do implante coclear é muito diferente do aparelho de amplificação sonora individual, que apenas amplifica o som, o implante coclear capta o som ambiente, e em função dos sons captados fornece impulsos elétricos que estimulam as fibras neurais nas diferentes regiões da cóclea.
Quem usa implante coclear tem que ter vários tipos de cuidados para que ele funcione normalmente, é preciso digamos, driblar ou contornar problemas relacionados aos aspectos ambientais.
O primeiro problema é não afastar demais as duas unidades, o sistema todo funciona em torno das ondas de rádio, como o transmissor é de curto alcance, se a antena receptora não perceber o sinal, nada será ouvido pelo usuário.
Outra situação é que além da radiofreqüência, o sistema necessita da pele do usuário como transferência de sinal, então é recomendado que o componente externo fique sempre em contato com o corpo do usuário, dependendo da potência do transmissor, sempre “grudado” em algum lugar da cabeça.
Separar o chamado componente externo do corpo pode significar a perda da audição enquanto o mesmo continuar separado do corpo, mas existem muitos aparelhos, que dependem da tecnologia e, portanto do custo final, que podem ficar separados do corpo por alguns metros, digamos que uns 10 ou 12 metros e o usuário poderá continuar ouvindo mesmo sem estar usando a pele do próprio corpo como meio de transferência.
É impossível saber, por isso cada usuário deve testar para ver se ele consegue desgrudar o aparelho do corpo e continuar ouvindo, pelo que tenho conhecimento a respeito para alguns funcionam até uns 10 metros de distância do corpo, e esses podem dormir até ouvindo o som da TV, mas para outros 5 centímetros já é uma distância em que ficam “surdinhos da silva”, esses não podem sequer desgrudar o componente externo do corpo.
Colado ou não, o fato é que quem usa implante coclear e precisa ir ao banco, entrar em lojas, passar por portas com dispositivos eletrônicos e principalmente que utilizam campos magnéticos deve estar atento, um descuido e ele “será avisado que perdeu a carteira e não vai escutar”.
As radiações eletromagnéticas emitidas pelas portas giratórias de bancos, dos monitores de TV com tubos de raios catódicos, dos monitores de computador que funcionam com TRC, de fornos micro-ondas, e principalmente das emissões de telefones celulares e estações de rádio-transmissão são prejudiciais aos usuários que fazem uso do implante coclear, pois as radiações eletromagnéticas geradas pelos equipamentos descritos podem alterar as funções do circuito eletrônico do implante coclear e ocasionar falha no envio dos estímulos, se não houver falhas, certamente que haverá alteração na qualidade do som.
Ao entrar na porta de um banco, mesmo sem nada metálico nos bolsos e nenhuma arma escondida na cueca, o circuito eletrônico pode ter a capacidade de disparar o sistema detector de metais.
Os materiais presentes no circuito integrado são capazes de ativar o sistema de detectores de metais nas portas giratórias dos bancos, quando for correntista do banco, o usuário deve apresentar a carteira de identificação do implante coclear fornecida pelo fabricante e entregue após a cirurgia.
Se preferir e para evitar problemas, entre no banco mudo e surdo e saia calado, senão você sairá pelado, (note a rima), por isso é aconselhável que o usuário desligue o processador de voz quando se aproximar de algum tipo de sistema que emita ondas magnéticas, mesmo não sendo provável que o implante coclear vá fazer disparar o alarme que existe nos sistemas de vigilância eletrônica.
Como é solicitado para qualquer equipamento eletrônico, o processador de voz do implante coclear deve ser desligado durante o pouso e decolagem de aeronaves.
Outro problema é a eletricidade estática, que é o acúmulo de carga elétrica que é capaz de criar um campo magnético em uma pessoa ou objeto, é bom relembrar que níveis elevados de eletricidade estática podem danificar dispositivos eletrônicos, o implante coclear tem um circuito protetor contra a eletricidade estática, mesmo assim está sujeito a danos.
Se você for usuário de implante coclear e também usa computador, deve usar sempre a tela protetora para monitor do computador.
A utilização de ultra-som terapêutico é proibida em regiões próximas ao implante coclear.
O diagnóstico através de ultra-som não oferece riscos aos usuários de implante coclear, mas, para a realização de qualquer procedimento é aconselhável que o componente externo do aparelho seja desligado.
A quantidade de radiação utilizada na radiologia médica não oferece riscos aos usuários de implante coclear, mas durante procedimento o componente externo do dispositivo deve permanecer desligado.
A utilização de luz ultravioleta em clínica odontológica e cama solar não oferece riscos aos usuários de implante coclear, mas a utilização de bisturi elétrico em cirurgias está proibida em usuários de implante coclear.
Também é proibido aos usuários de implante coclear até de entrar nas salas onde é realizada a ressonância magnética, tanto é que em pessoas que utilizam o sistema, em situações de extrema necessidade é feita a remoção do magneto interno através de pequena cirurgia.
Enfim, para quem usa implante coclear escutando ou não a vida continua, e para poder escutar os sons é preciso uma série de cuidados, que no início parecem serem difíceis de serem observados, mas com o passar do tempo os cuidados passam a fazer parte do cotidiano.